Assisti presencialmente às sessões ordinárias da primeira semana de 2021. Vou destacar alguns pontos que me chamaram a atenção e minhas impressões sobre eles.
PONTOS POSITIVOS
1. Boa combinação entre vereadores novatos e experientes. O novo sem nenhuma experiência pode rumar de forma desorientada. E experiência sem o novo pode levar a pouca criatividade.
2. Formações e personalidades diferentes, o que ajuda a trazer movimento e dinamismo. Advogada, comerciante, empresário, professor, policial, psicóloga, médico, etc. Pessoas com vários níveis de experiências e visões de mundo.
3. Uma oposição onde maioria de seus membros demonstra abertura ao diálogo e à construção, no que apresentaram em público até o momento.
4. Gostei de ver os vereadores experientes se mostrando conhecedores e interessados nos problemas da cidade, inclusive sobre questões que afetam os distritos e zona rural, e já com contextos e até articulações prontas para resolver questões pertinentes.
5. Gostei de ver os vereadores novos buscando conhecerem e encontrarem seus próprios contextos, cada um em seu ritmo. Nenhuma crítica à maioria. Não vejo necessidade de apresentação de projetos nesse primeiro momento, e justifiquei detalhadamente em meu outro texto. https://focala.com.br/colunas/foca-na-politica-cultura-e-sociedade/questoes-para-os-vereadores-e-o-povo-de-formosa-observarem-nos-projetos-que-serao-apresentados-1
PONTOS NEGATIVOS
1. Autopromoção baseada em apresentação parcial dos fatos.
Alardear “o prefeito fez por que eu falei”, quando na verdade, o prefeito ou o secretário avaliou e atendeu a uma solicitação. E em alguns casos, já havia uma iniciativa da própria prefeitura, em seu planejamento prévio. Nesses casos, omitir isso, mesmo que por desconhecimento, cria inverdades.
Quando você enaltece as pessoas envolvidas num processo como colaboradoras ativas, se torna maior. Observem, por exemplo, o semblante das pessoas quando um vereador cita a colaboração de outros vereadores, do prefeito ou outros envolvidos no RESULTADO de uma ação, mesmo que tenha sido ele quem propôs.
2. Críticas vazias (algumas até refutadas, na hora).
Coisas comuns que são até forma de socialização entre a população (que vão desde falar sobre o tempo até ‘falar mal da política’) já não podem ser abordadas com o mesmo nível de (des)conhecimento por um vereador.
Proferir críticas (quando vazias) é uma maneira de disfarçar o desconhecimento das situações com “pompa de revolta” teatral. Como todo teatro, ilude só por um momento. Quando ainda não se está ciente das dificuldades, do que está sendo feito, etc. é mais sábio suspender os julgamentos.
3. Intimidação, distorção de palavras e ameaças.
Uma das principais características da velha política é o coronelismo. E sua pior característica é a ameaça direta ou indireta, intimidação e humilhação.
Tentar inflamar as forças de segurança contra um vereador, dizendo de forma indireta que este se trata de um “inimigo da polícia”, quando a interpretação de textos feita até por um aluno do ensino médio, vestibulando, ou concursando, ao analisar os contextos, apuraria que isso jamais poderia ser inferido da situação, é GRAVÍSSIMO.
Outro ato absurdo é querer limitar a livre expressão de um vereador, sugerindo que ele não pode falar na tribuna sobre uma questão que envolve “matéria do legislativo do Estado”.
Pois pode e DEVE sempre que julgar necessário! Inclusive isso foi feito, em outros contextos, ao longo da semana, ao se mencionar que quem define os critérios de grupos de vacinação não é o município, e sim “matéria do executivo do Estado”!
CONCLUSÃO
Uma semana foi POUCO tempo para qualquer “avaliação de desempenho” dos vereadores. Não se pode tomar como ruim o que é sabedoria em observar e compreender como as coisas funcionam, ao se chegar (e isso vale para tudo). Daqui um tempo teremos condições de avaliar isso melhor.
Por outro lado, uma semana pode ser SUFICIENTE para saber o que não queremos ver mais.
As pessoas tem estado mais atentas à política, e alterado seu padrão de “político ideal”. Tem-se destacado muito mais a habilidade de trabalhar de forma SISTÊMICA do que as velhas táticas de se representar o “herói contra todos”.